segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Crianças se destacam em cena

Atores-mirins são uma antiga pedra no sapato da teledramaturgia. O espectador está careca de ver crianças atuando sem naturalidade, sublinhando tudo aquilo que é considerado “próprio de uma criança”. O resultado é um desempenho falso-infantil, ou hiperinfantilizado, como queira. Resumindo, vemos crianças imitando um modelo idealizado — e distorcido — e enveredando para a caricatura tatibitate.

Nos últimos tempos, porém, há várias indicações de que isso vem mudando. Jesuela Moro, a Júlia de “A vida da gente”, de 7 anos, é uma prova disso. Klara Kastanho e o elenco que brilhou em “Cordel encantado”, outras. Rosana Garcia, que trabalha como coach, 
é uma das profissionais que têm contribuído para esses progressos. Preparada por Rosana — ela própria a Narizinho do “Sítio do Picapau Amarelo” em priscas eras —, Jesuela impressiona. Atravessa sem errar cenas difíceis da novela das 18h. Sua personagem viu os pais da ficção se separarem, a mãe em coma, uma avó cruel, enfim, falou textos áridos sempre sem “sotaque”.

Rosana conta que adota o mesmo método que seu pai, que foi roteirista de rádio e depois de TV, usou com ela, no início de sua carreira de atriz, aos 5 anos: “Ele passava o texto comigo, lendo para mim, até eu entender o que estava ali. O texto nunca ia para a minha mão”. Com Jesuela, Rosana repete essa rotina. A menina só entra em cena depois de introjetar o script. Por isso, o que se vê não é uma recitação e sim algo compreendido pela garota. Claro que isso vale também para os adultos. Mas, neste caso, os caminhos para o entendimento são outros.

Fonte: Patrícia Kogut

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